Flica 2016 bate recorde de público com 35 mil pessoas em Cachoeira

A Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica) bateu recorde de público nos quatro dias de festa. De quinta-feira (13) até este domingo (16), cerca de 35 mil pessoas circularam nos eventos literários em Cachoeira, no Recôncavo Baiano.  
O público, que se espalhou entre as nove mesas de debates, acompanhou 30 autores, incluindo convidados internacionais, participou dos mais de 15 eventos da Fliquinha, entre outras ações, também ocupou 100% das vagas de hotelaria disponíveis na cidade, além de movimentar  bares e restaurantes dia e noite.  
“Essa Flica foi um sucesso surpreendente. A cidade nunca esteve tão cheia. As pessoas nunca estiveram tão participativas. Todas as mesas estavam lotadas, pessoas em pé, pessoas sentadas no chão. E não só isso. As ruas estavam tomadas de artistas, artesãos, mostrando seus trabalhos. A participação do Governo do Estado, principalmente nos últimos dois anos, deu força e uma ampliada que colocou esse evento entre um dos maiores do segmento no País”, afirmou o curador do evento, Emmanuel Mirdad. 
Investimentos e patrocínio 
Além do incentivo financeiro por meio do programa FazCultura, o governo estadual também realizou ações culturais com atividades, como a Casa Educar para Transformar que, pelo segundo ano consecutivo, recebeu alunos da rede estadual para apresentar seus trabalhos, e ainda reservou o Espaço Milton Santos, dedicado a lançamentos de livros ligados à literatura negra e promoção da igualdade racial. Também foram a Cachoeira a Biblioteca Móvel, o SAC Móvel, a Feira de Economia Solidária e grupos ligados à cultura popular. 
Para o secretário estadual de Cultura, Jorge Portugal, investir na promoção da literatura e da arte se reflete em benefício para quem participa, mas principalmente para quem realiza a festa, colocando Cachoeira no mapa do turismo cultural. “A Flica mexe com o que chamamos de ‘economia da cultura’, que vai desde hotéis lotados até o vendedor de cachorros-quentes na esquina. Todo mundo consegue também se beneficiar em torno da leitura, motivo pelo qual se faz essa grande festa que, a cada edição, tem trazido mais pessoas a Cachoeira. É a consagração deste festival, que já é o segundo maior evento literário do País, com apenas seis anos de existência”.  
Economia  
Bom para o visitante, porém, melhor ainda para os moradores de Cachoeira que vivem e dependem da movimentação de turistas na cidade, como o dono de restaurante Roberto Roque dos Santos. Ele considera a Flica um dos investimentos mais importantes para a cidade. “Para nós, cachoeiranos, é um privilégio ter um evento de grande porte como esse, que, a cada ano que passa, está crescendo e agregando valores, não só a nível de cultura, mas também para o comércio. Na cidade sempre tem movimento, mas durante a Flica isso aumenta 80, até 90% das vendas. Financeiramente, é ‘super’ lucrativo, muito mais do que outras épocas do ano”. 
A opinião de seu Roberto é compartilhada pelos empresários do setor hoteleiro, que este ano registrou ocupação de 100% dos leitos disponíveis na cidade. Para Jandira Dias Santos,  aposentada e proprietária de pousadas na cidade, essa é uma oportunidade que não se compara a outras épocas do ano. “Nesse período, a gente consegue lotar tudo. É garantia de retorno financeiro. Nesses últimos dias da festa, então, se eu tivesse 200 quartos, estariam todos alugados”.  
Por isso, enfatiza Jandira, “a Flica é um dos eventos mais interessantes do ano, com esse público que vem procurando a programação cultural diferente, por exemplo, do que temos no São João e na [Festa da] Boa Morte, que já foram eventos grandes. Mas, hoje, a Flica supera esses dois períodos. Tem gente que já procura hospedagem de um ano para o outro”. 
Programação gratuita 
Durante os quatro dias do evento teve espaço para debates sobre literatura, lançamento de publicações, contos de histórias infantis, exposições, feiras, distribuição e venda de livros, intervenções culturais, opções para todas as idades e todos os gostos. Para o curador Emmanuel Mirdad, a programação inteiramente gratuita é uma das marcas do evento. “A gratuidade é um grande diferencial nosso, o que faz disso tudo um sucesso também, porque conseguimos oferecer tanta coisa de graça, as pessoas ficam mais próximas, se sentem mais contempladas pelo evento, e desde a primeira edição é assim”. 
Com tanta opção, não é comum encontrar, no último dia de Flica, gente já fazendo planos de voltar à cidade heróica especialmente para a Festa Literária nos próximos anos, como a turista paulista Valdimere de Souza. “É a primeira vez que venho e estou animadíssima. Chegar em Cachoeira é encontrar um outro Brasil, totalmente diferente de qualquer lugar que eu já tenha ido. As pessoas, o cheiro, as cores, a possibilidade de andar nas ruas tranquilamente, esse lugar maravilhoso ao lado do rio,  isso tudo é uma coisa especial e difere de outras festas literárias que vemos por aí. Valeu muito a pena ter vindo”, afirmou a turista, pouco antes de experimentar a maniçoba, iguaria com folhas de mandioca e “carro chefe” da culinária do Recôncavo.