Duo B.A.V.I. promove experiência sensorial através de usos criativos do violão e berimbau

Há cerca de 10 anos, o então coordenador do curso de medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Antônio Dantas, gerou um grande mal estar ao dizer que "o berimbau é o tipo de instrumento do indivíduo quem tem poucos neurônios". Na época, ele usou a frase de gosto duvidoso para justificar a nota baixa dos baianos no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). O tempo passou, e dois alunos egressos da Faculdade de Música daquela instituição mostram, através do trabalho, o quão equivocado estava Dantas. 
Anderson Petti e João Almy estudaram juntos entre 2009 e 2010, e, em meados de 2016, formaram o Duo B.A.V.I.  - Berimbau Aparelhado Violão Inventável, projeto definido por eles como “uma experiência sensorial que não limita o ouvinte e não nos limita”. Com a proposta de tirar as pessoas do óbvio, os músicos agregam a aparelhagem eletrônica para expandir as possibilidades melódicas dos instrumentos, que são executados também de maneiras não convencionais.  

Dentre o repertório autoral dos artistas baianos está uma composição em homenagem à fala do professor Antônio Dantas. “De certa forma, ele participa do nosso show, porque gravamos essa vinheta com a fala dele e a gente coloca no show e logo em seguida vem a música”, revela Anderson. “O berimbau tradicional de capoeira tem o acesso a duas notas básicas - presa e solta -, e nessa música a gente consegue estender para mais de cinco notas. Sendo mostrado com um pouco mais de virtuose, o berimbau consegue ter uma expansão não só do uso da corda, mas o som através da cabaça sendo percutida, e um jogo rítmico mais forte”, explica o músico sobre as possibilidades do instrumento, destacando, no entanto, que o uso rítmico do berimbau tradicional “não é nenhum sinônimo de primitividade”.
 
Sobre a formação dupla e sua relação com o clássico do futebol baiano, Petti diz que “é uma brincadeira, coisa corriqueira do dia-a-dia". "E é bem como aconteceu com o encontro da gente. São dois instrumentos super daqui [berimbau e violão], e a gente ia se encontrando e criando as coisas naturalmente, como é o BAVI”. Para Almy, é tudo “um jogo”. “Não chega a ser uma competição, mas é um diálogo, uma troca de papéis. Uma hora um está na frente, outra hora está empatado, então eu acho que as pessoas podem perceber isso. Olha para um lado do campo, depois olha pro outro, e não sabem para quem torcem”, comenta. “Está tudo misturado, uma irmandade, porque até na questão mesmo do futebol, com relação às torcidas, a gente vê que são poucas no mundo que conseguem conviver bem com o outro e não ter a questão da violência. Isso também nos deixa feliz também pra fazer essa analogia em cima do palco”, destaca o músico.

O público poderá conferir não só o Berimbau Aparelhado de Anderson, mas também o Violão Inventável de João no próximo show do duo, realizado nesta quinta-feira (19), a partir das 21h, na Tropos, situada no Rio Vermelho. O evento, que terá participação de Ana Luisa Barral e Alexandra Pessoa, marca também o lançamento do canal do B.A.V.I. no Youtube. Além desta apresentação, eles se preparam também para ainda este ano lançar um EP, cujo processo de gravação teve uma pausa, para que pudessem cumprir agenda apertada de shows.

Serviço
O QUÊ: Duo B.A.V.I - Berimbau Aparelhado Violão Inventável
QUANDO: Quinta-feira, 19 de janeiro, às 21h
ONDE: Tropos - Rua Ilhéus, Rio Vermelho
VALOR: R$ 10