Patrão diz que suspeito de matar mãe e filhos é “funcionário exemplar”

O principal suspeito de matar mãe e dois filhos em Águas Lindas (GO), no Entorno do Distrito Federal, continua preso. Ex-namorado de Suzete dos Santos Reis, 32, o homem de 45 teria sido a última pessoa a vê-la com vida, no Jardim Guaíra II. A roupa do homem será periciada.
Os corpos de Suzete, de João Vitor dos Santos Fagundes, 6, e Joyce Miranda Fagundes, 4, foram encontrados por familiares no domingo (11/3). À polícia, o acusado, que trabalha como cozinheiro em um restaurante de Águas Claras, disse que passou na casa das vítimas para levar uma caixa de som, mas a deixou com vida.
O crime bárbaro intrigou a Polícia Civil de Goiás. A porta da casa estava trancada por dentro e não há sinais de arrombamentos. As autoridades trabalham com a hipótese de que o assassino tinha acesso à residência. O celular de Suzete ainda não foi localizado.
O dono do restaurante estava na porta da delegacia de Águas Lindas na manhã desta segunda-feira (12). Tentava visitar o funcionário. “Estou torcendo para que não tenha sido ele. Sempre foi uma pessoa muito alegre, responsável. Sabíamos que gostava de beber, mas nunca apresentou nenhum comportamento violento”, disse o empresário, que preferiu não se identificar. Disse que o homem é funcionário exemplar.
O suspeito trabalha no estabelecimento dele há quatro anos. Ficava com as chaves do comércio. “Confio muito nele. Conversamos sobre alguns problemas que estava enfrentando. Terminou um casamento recentemente e, no domingo, dia em que foi preso, tinha acabado de sair de casa. Deixou a mulher. Eu mesmo o aconselhei para terminar esse relacionamento que só fazia mal”, detalhou.
Ainda de acordo com o comerciante, o suspeito já fez comentários sobre a vítima. Dizia que tinha muito carinho por ela e a considerava como amiga. “Se ele for culpado, vai ter que pagar. Eu só não quero que cometam uma injustiça e coloquem um inocente na prisão. Vou, inclusive, me oferecer para contratar um advogado”, ressaltou.
O cozinheiro é dependente químico, mas agora o único vício é a bebida, ainda segundo o empresário. O homem conheceu a vítima em um bar de Águas Lindas e está detido no Ciops de Águas Lindas.
Cena de horror
A primeira pessoa a ver o corpo das vítimas foi o cunhado de Suzete, Edvaldo dos Santos Conceição, 46. “Abri a porta e fiquei chocado. As crianças eram muito apegadas a mim. Quase todo fim de semana, eu vinha para cá ficar com elas”, disse.

A cena era de horror. Havia muito sangue pela casa, segundo Edvaldo. “Vi primeiro o corpo do menino (João Vitor) e me assustei. Quando entrei no quarto, estavam Suzete e Joyce. Muito triste”, lamenta o cunhado. Mãe e filhos foram mortos a golpes de facas e tesouradas.
Edvaldo disse que o garoto estava na sala, com um cobertor sobre a cabeça. A mãe usava blusa e tinha a calcinha arriada até o joelho. Já a menininha foi encontrada nua. A polícia suspeita que as vítimas tenham sido vítimas de violência sexual.
O cunhado disse que teve sangue frio para pegar sua moto e ir atrás da polícia para relatar o crime. “Fui tremendo, desesperado. Estava bastante nervoso, mas consegui me conter”. Edvaldo prestou depoimento. Aguarda a solução do crime e a identificação do responsável. “Existe um suspeito. Estamos aguardando a perícia. Espero que a justiça seja feita”, afirma.
Além das fotos dos familiares, Edvaldo diz que uma cena impossível de esquecer é a das crianças quando ele chegava na casa delas. “Eu aparecia no portão e elas vinham correndo me abraçar. Essa cena vai ficar na memória”, garante.
A família aguarda a liberação dos corpos pelo Instituto Médico Legal (IML) de Formosa. O laudo que deve ajudar a esclarecer o crime deve ficar pronto em até 30 dias. Uma equipe da Polícia Civil vai voltar ao local do crime nesta segunda em busca de novas evidências do crime brutal.
Vizinhança estarrecida
A vizinhança está estarrecida. O assassino agiu em silêncio. A suspeita é de que a família tenha sido morta na sexta (9). Segundo um vizinho, que não quis se identificar, ele notou que o portão estava aberto. “Foi estranho porque ela (Suzete) sempre trancava tudo”, ressaltou.

Ele disse que não tinha muito contato com ela, pois Suzete era “bem discreta e reservada”. “Não ouvimos nenhum barulho ou pedido de socorro. Foi uma surpresa”, ressaltou o homem.