Autismo não é o fim do mundo, por Marcos Mion

Ter um filho com uma condição especial não é uma punição, uma cruz pesada para carregar, é uma oportunidade única de ensinar e aprender.

Muitos pais em todo o mundo têm a responsabilidade de cuidar de um filho especial. A princípio, pode ser um grande desafio, porque ninguém está preparado para se tornar completamente responsável por outra pessoa, ensiná-la valores e princípios e garantir que ela se torne um bom ser humano. Isso pode ser ainda mais complicado quando ela é portadora de uma condição que você não conhece muito bem, e mesmo fazendo o seu , sente que algumas vezes não é o suficiente.
No entanto, a dedicação e o amor fazem com que você se supere a cada dia e descubra que é muito mais capaz do que pensou de ser um bom pai/mãe. Olhar para os olhos do seu filho e ver tanta beleza e pureza nos faz mais felizes e mais capazes de lidar com todos os obstáculos que a vida lança pelo caminho, porque é preciso ser forte por você e por ele.
Ter um filho com uma condição especial não é uma punição, uma cruz pesada para carregar, é uma oportunidade única de ensinar e aprender ao mesmo tempo, de se tornar um ser humano mais empático, gentil e preocupado com a qualidade de vida das pessoas ao seu redor.

É se tornar o mentor de uma pessoa incrível, que trará mais luz e esperança para sua vida. Não é algo para reclamar, e sim para agradecer.

O apresentador, ator e diretor Marcos Mion é pai de um menino autista, uma condição caracterizada pelo comprometimento da interação social, dificuldade no domínio da linguagem e comportamento restritivo e repetitivo. Ele escreveu um texto muito inspirador, que foi publicado originalmente na Revista Crescer, que é uma grande mensagem para todos aqueles que pensam que é um sacrifício criar uma criança especial.

Confira o artigo abaixo:

Drama está entre aspas porque não acredito que seja. Considero uma chance única que meu filho me deu de me tornar um ser humano melhor ao acompanhá-lo num patamar elevado de valores, sentimentos e entendimento do que são as coisas que valem a pena nesta vida.
E minha resposta alegre – em contraste com a tristeza e desolação em 90% das vezes que me abordam – é para dar um choque cultural mesmo! Se sou exemplo para mais de 2 milhões de famílias diagnosticadas no Brasil, que já comecem me seguindo nesta certeza: que em 2018, num mundo inclusivo, com tanta gente lutando pelos seus direitos e o conteúdo do que é considerado normal sendo reescrito, autismo não é o fim do mundo. Mas é, sim, uma mudança de foco, de rumo e de vida!
Se você considera que cuidar de um filho especial é uma tragédia que vai destruir sua existência, seus sonhos, sua imagem de uma família perfeita, pode apostar que vai mesmo. A vida nos reserva surpresas, e está para nascer a pessoa que passou incólume por ela! O que me deixa sorridente e feliz é a sabedoria de aceitar e encarar como minha missão. Se eu ficar preso ao que poderia ter sido, se eu ficar refém do “e se…”, a vida deixa de ter brilho. Torna-se um peso difícil de aguentar.