Mulheres aprendem a construir tecnologia de reúso de água no Semiárido

O Centro Feminista está capacitando grupos de mulheres para que elas mesmas se apropriem ainda mais da tecnologia e construam seus próprios filtros

Reutilizar a água para estimular a produção das agricultoras em seus quintais, com o objetivo de desenvolver autonomia, soberania alimentar, produção agroecológica, economia solidária e uma melhor convivência com o Semiárido. Essa é a proposta do projeto Água Viva, realizado pela organização não governamental Centro Feminista 8 de Março (CF8), no Rio Grande do Norte.


Trata-se de uma tecnologia simples, que consiste em filtrar a água do consumo doméstico – da lavagem de louças, roupas e do banho – tornando-a boa para regar frutíferas e hortaliças cultivadas pelas mulheres.
Antes de chegar ao seu destino final, a água que seria descartada passa por um processo de purificação por meio de filtros orgânicos, caixas e tubos instalados nas propriedades. A filtragem é feita com a utilização de produtos extraídos da região, como a palha de carnaúba e a fibra do coco triturada. Depois disso, o sistema de irrigação das hortaliças ocorre por meio de gotejamento.
Para além da utilização, o Centro Feminista está capacitando grupos de mulheres para que elas mesmas se apropriem ainda mais da tecnologia e construam seus próprios filtros. A capacitação está sendo facilitada por Lindinalva Martins que tem experiência como cisterneira: “os primeiros filtros foram construídos de alvenaria, mas nós elaboramos, a partir da experiência com a Articulação do Semiárido (ASA), a construção por placas, o que facilita o trabalho das mulheres”.
Por meio da replicação da experiência, o projeto Água Viva e a própria tecnologia estão sendo aprimorados: “com a construção coletiva feita pelas próprias mulheres, uma vai aprendendo com a outra. Importante também é que estamos usando as matérias primas que existem nos locais e, além do aprimoramento dos filtros, a apropriação da técnica pelas mulheres implica diretamente no empoderamento destas e no barateamento da obra”, diz Ivi Aliana, agrônoma do Centro Feminista.
“Esse filtro foi uma coisa muito boa que aconteceu pra mim. A minha produção aumentou muito. Aprender a fazer o filtro tá sendo mais um aprendizado que eu tenho certeza que vai mudar a vida de outras mulheres como mudou a minha”, ressalta Margilânia, agricultora que já possui o Água Viva em sua casa, mas se animou para aprender a construir.
Depois das oficinas de construção do filtro de reúso da água cinza em Tibau e Rosado, chegou a vez de Upanema. Atualmente, 13 mulheres do Projeto de Assentamento Monte Alegre estão aprendendo a construir os seus próprios filtros de reuso de água

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