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Coité: em tempo de redes sociais, adolescente abre biblioteca em povoado

A jovem Clarinha com sua atitude exemplar, contraria boa parte da atual geração que se apega cada vez mais ao uso das redes sociais, deixando de lado a prática da leitura convencional.


Ao lado do seu pai-avô, Maria Clara mostra sua biblioteca.
A pequena Maria Clara tem apenas 12 anos, mas teve uma iniciativa de gente grande. Clarinha, como é conhecida, mora no povoado de Serrote, a cerca de 15 km de Conceição do Coité, no semiárido baiano, no Território do Sisal. Estudante da Escola Antonio Nunes Gordiano Filho, no distrito de Salgadália, teve uma ideia nada comum na era da informação digital, no tempo em que as redes sociais predominam em nosso dia-a-dia. Ela fundou uma biblioteca para incentivar o hábito da leitura, nas crianças e adolescentes do povoado.
Com ajuda de Simone Nascimento, diretora de escola, e do seu ‘’pai-avô’’, Guiofredo Pereira, mais conhecido por Guió, presidente da associação de moradores da comunidade, Clarinha começou uma campanha de doações de livros e montou um acervo, que mistura livros didáticos, romances e clássicos da literatura brasileira, que ficam sobre duas prateleiras de ferro, no local onde há alguns anos funcionava um posto telefônico, às margens da BA 411.
Casa onde funciona a biblioteca, em Serrote.
Clarinha, que se expressa muito bem – certamente porque ler bastante – conta que tudo começou enviando mensagens em grupos do aplicativo WhatsApp, explicando a ideia, e logo surgiram os primeiros interessados em ajudá-la. E assim abriu a biblioteca comunitária, que já fornece material para pesquisa de estudantes e faz empréstimo de livros. Apesar do tamanho e da simplicidade, não falta organização e controle. Todos livros são catalogados e os empréstimos são devidamente registrados. “A biblioteca é de toda comunidade. Esses livros não são meus, são para quem quiser levar pra casa, e ficar quanto tempo for necessário pra terminar a leitura”, ressaltou.
A iniciativa da jovem chamou a atenção de muita gente. Como a radialista Vilmara de Assis, que esteve na localidade e visitou a biblioteca. Ela ficou impressionada com a atitude da garota e resolveu apoiar a ideia, divulgando o projeto em seu programa de rádio semanal, em emissora da cidade de Serrinha, pedindo doações de livros.
O assessor do deputado Alex da Piatã, Valdemi de Assis, irmão da radialista, resolveu engrenar mais ainda o projeto de Clarinha, levando-a pra Salvador. Na última terça, 26, Maria Clara conheceu a biblioteca do campus I da UNEB, no Cabula, ao lado do seu avô Guió e da radialista Vilmara. Por lá, Luciana Menezes, coordenadora do sistema de bibliotecas da UNEB se emocionou com o exemplo da menina e se dispôs a visitar o local e ajudar na ampliação do projeto da coiteense.

Já na fundação Pedro Calmon, vinculada à Secretaria de Cultura do Estado, foi recebida pela diretora do Livro da Leitura, Mariangela Nogueira, que se entusiasmou com a história e garantiu apoio imediato, doando uma caixa de livros com cerca de 50 exemplares. Mariangela sugeriu que a jovem inscreva um projeto no programa de formação de agente de leitura, do MinC, que incentiva e promove o acesso a leitura, pelo qual o contemplado recebe um kit de livro, fardamento, uma bicicleta e uma ajuda de custo.

A jovem Clarinha com sua atitude exemplar, que contraria boa parte da atual geração que se apega cada vez mais ao uso das redes sociais, deixando de lado a prática da leitura convencional, sonha em ter uma grande biblioteca na comunidade, em um espaço maior com milhares de livros. Pelo carinho e apoio que tem recebido, sobretudo pela sua determinação, não parece tao distante de se realizar.

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