O evento foi prestigiado por dezenas de pessoas.
Daniela Cardoso e Ney Silva
O grupo Sol Nascente da comunidade de Caboronga, distrito de Bonfim de Feira, se apresentou na manhã desta segunda-feira (22) com a bata do feijão na abertura da Semana do Folclore do Mercado de Arte Popular (MAP). Formado principalmente por mulheres, o grupo dançou samba de roda, tocou forró pé de serra e, utilizando pedaços de paus e arupemba peneiraram feijão. O evento foi prestigiado por dezenas de pessoas.
O professor de História da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Clóves Ramaiana, disse que a colheita de feijão, através da bata, é a tradução da organização de comunidades rurais, camponesas, quilombolas e indígenas. Segundo ele, esse tipo de manifestação cultural era uma forma de se pensar no trabalho, não para explorar ou enriquecer alguém, mas pensando no trabalho de forma socializado e que isso foi mantido até hoje.
“A bata do feijão e outros trabalhos coletivos solidários são inspirados na religiosidade de matrizes africanas e indígenas e funcionava no passado, como se fosse uma escola para crianças, que aprendiam o labor rural”, ressalta o professor.
A trabalhadora rural Aristela Silva Bastos, integrante do grupo de canto da bata, estava feliz em ter participado da apresentação em Feira de Santana. Ela destacou que esse tipo de tradição não pode morrer e informou que o grupo Sol Nascente é composto por 10 pessoas, mas ela acha que da próxima vez poderá ter uma participação maior de trabalhadores na bata. Na opinião de Aristela, tudo é importante na bata, o bater usando o porrete, as músicas, a dança e a animação das pessoas.
Depois da bata, o feijão colhido e entregue à dona, Marina Lobo Santos, que é moradora da comunidade Fazenda Jenipapo, distrito de Maria Quitéria. Ela informou que o feijão colhido vai ser colocado em garrafas para usar no plantio da safra de 2017.
A semana do folclore do Mercado de Arte Popular foi organizada pela ArtMap (Associação dos Artesões). O presidente da entidade, Ronildo Carlos Silva Ramos, informou que a ideia de fazer o evento surgiu pelo fato deste ano a Caminhada do Folclore, evento promovido pela Uefs, ter sido cancelada. “Na caminhada do Folclore, vimos a alegria das pessoas em participar, então nos inspiramos para fazer a Semana do Folclore para resgatar a cultura, pois na nossa mente isso deve acontecer sempre”, afirmou.
A Semana do Folclore prossegue até o próximo domingo (28) com atividades como Sarau de poesia, capoeira, maculelê, samba de roda, bumba meu boi, apresentação de quadrilha junina e no sábado, Festival de Violeiros. No domingo está prevista a cavalgada em homenagem ao vaqueiro sertanejo.
Fotos: Ney Silva/Acorda Cidade
