No Acre, índios proibem entrada de políticos candidatos em aldeias


Ceifados em seus direitos e tratados desde sempre como um problema a ser resolvido (e removido) mais do que como cidadãos, os índios de 32 aldeias de Jordão, município acreano a 462 quilômetros de Rio Branco, resolveram reagir de forma radical e objetiva: qualquer candidato que não seja de origem indígena não pode mais sequer entrar nas aldeias. A decisão foi informada através de uma carta.

Reunindo mais de 500 eleitores, a comunidade indígena representa 40% dos votantes na região. A questão é ambígua, visto que constitucionalmente os índios podem proibir a entrada de pessoas em suas terras. No entanto, a urna eletrônica fica localizada dentro de terras indígenas, às margens do Rio Jordão.

Vale lembrar que a proibição é restrita à candidatos, sem impedir que pessoas que não sejam de origem Huni Kuin entrem nas aldeias. Segundo as lideranças, nas eleições passadas as aldeias não receberam recursos e kits que lhes foram prometidos, e que seriam destinados justamente às populações locais.