ACABADO ESTÁ O MINISTÉRIO DA CULTURA
O
ministro da Cultura, Marcelo Calero, pediu demissão do cargo na manhã desta
sexta-feira (18). De acordo com informações do jornal da Folha de S. Paulo, a
carta do ex-ministro foi entregue ao Palácio do Planalto nesta manhã. De
acordo com a publicação, o ministro apresentava "divergências" com
membros do governo e decidiu deixar o primeiro escalão do governo do presidente
Michel Temer. O ministro ainda não foi localizado e a sua assessoria de
imprensa não se posicionou oficialmente sobre o pedido de demissão.
Ex-ministro da Cultura disse ter sido pressionado para liberar
obra embargada onde o político baiano tem um apartamento.
Calero diz na edição deste sábado do jornal
que o articulador político do governo Temer o procurou cinco vezes para que o
Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), órgão
subordinado à Cultura, aprovasse um projeto imobiliário nos arredores de uma
área tombada em Salvador, base de Geddel, onde o ministro teria um apartamento.
“Entendi que tinha contrariado de maneira muito contundente um interesse máximo
de um dos homens fortes do governo”, afirmou.
“Recebi
ligação do ministro Geddel dizendo que aquele empreendimento empregava muitas
pessoas e que o Iphan da Bahia havia dado uma licença de construção que fora
cassada pelo Iphan nacional. Ele disse que essa decisão era absurda”, contou
Calero, que passou, então, a receber ligações insistentes (via outros interlocutores)
para conseguir a liberação da obra.
Calero disse ter ficado surpreso com a
atitude de Geddel. “Me pareceu tão absurdo o ministro me ligar determinando que
eu liberasse um empreendimento no qual ele tinha um imóvel. Você fica atônito.
Veio à minha cabeça: ‘Gente, esse cara é louco’.”
De acordo com Calero, o desconforto por causa
desse pedido só aumentou, até tornar-se insustentável. “Eu comecei a sofrer
pressões para enviar o caso para a AGU. A informação que eu tive foi que a AGU
construiria um argumento de que não poderia haver decisão administrativa [do
Iphan]. Isso significa que o empreendimento seguiria com o parecer do Iphan da
Bahia, que liberava a obra.”
No fim da entrevista à Folha,
o ex-ministro explicou que não aceitou fazer parte das manobras, e disse porque
decidiu falar. “Quando recebo a ligação da Folha para checar uma
informação contra mim, percebi que havia um processo de fritura”, afirmou. “Não
sou político profissional. Não tenho rabo preso. Não estou aqui para fazer maracutaia.”
O ministro da Cultura, Marcelo
Calero, pediu demissão do cargo nesta sexta-feira (18). Segundo a Folha apurou junto a integrantes do Palácio
do Planalto, o titular da pasta vinha apresentando divergências com membros do
governo. A assessoria da pasta
confirma que o desligamento se deveu a diferenças internas com integrantes da
gestão Michel Temer (PMDB), mas não deu mais detalhes. Temer
chegou a prometer um aumento da verba do Ministério em 2017 mas nem isso foi
suficiente para segurar o Ministro. Fontes internas dizem que ele atuava na
luta contra a corrupção no governo. Calero
entregou a carta de demissão diretamente para o presidente Michel Temer há
alguns dias. O presidente pediu que ele pensasse mais sobre o assunto, mas
hoje, o ministro comunicou a decisão por telefone.