Reserva Alimentar Estratégica – cuidando para viver com tranquilidade os tempos de estiagem

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Reserva Alimentar Estratégica – cuidando para viver com tranquilidade os tempos de estiagem

A seca é um fenômeno climático que sazonalmente ocorre no nordeste. Há períodos com intensidade menor, mas períodos de estiagem sempre acontecem. Para enfrentá-los com mais tranquilidade, alguns produtores adotam técnicas de reserva estratégica de alimentos, que consiste em armazenar material para oferecer aos animais durante o período de escassez. Este é o caso do senhor Antônio Rodrigues, da comunidade de Lameiro Redondo, município de Retirolândia, Bahia, que adotou a técnica de produção de silagem de sisal e vem obtendo sucesso na alimentação e nutrição dos seus rebanhos de ovinos e bovinos.
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Foto: Ana Naara
Seu Antônio Rodrigues tem 65 anos e é beneficiário do Projeto de Assistência Técnica e Extensão Rural SEMEAR IV da Fundação APAEB/SDR/BAHIATER. Desde os 21 anos de idade que ele trabalha como produtor de sisal. Com cerca de 40 tarefas de terra composta de campos de sisal, seu Antônio desfibra a palha e comercializa cerca de 1000 Kg da fibra por semana para uma indústria de cordas e fios em seu município.
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Foto: Ana Naara
Além de produtor de sisal, ele também cria bovinos e ovinos e assim como a maior parte dos agricultores da região encontra dificuldades para alimentar seus rebanhos durantes os períodos de estiagem.  No entanto, há cerca de 3 anos ele começou a aproveitar o resíduo proveniente do desfibramento do sisal  para produção de silagem. “Mesmo tendo tanto resíduo do trabalho com o sisal, eu nunca tinha despertado para me planejar e usar ele para alimentação dos animais. Foi a necessidade que passei há uns 3 anos com a seca e o exemplo que tive de alguns conhecidos que me despertou para esse aproveitamento”, manifestou o produtor.
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Foto: Ana Naara
A silagem é um produto proveniente da conservação de forragem verde, suculenta, conservada por meio de um processo de fermentação. Na sua produção há o processo de redução da umidade, geralmente feita a partir da exposição ao sol antes de seguir para armazenagem.
A primeira experiência de armazenamento da mucilagem de sisal feita por seu Antônio foi o silo tipo trincheira no chão. No entanto, ele encontrou o inconveniente da infiltração no período de chuva e acabou perdendo parte do material armazenado. Com a orientação do técnico em agropecuária, Cris Emanuel Bezerra, que faz parte da equipe do Projeto de Assistência Técnica e Extensão Rural SEMEAR IV da Fundação APAEB/SDR/BAHIATER, seu Antônio construiu um silo tipo cisterna. A nova estrutura foi feita há pouco mais de um mês e armazena atualmente 3 mil Kg de mucilagem. “Nessa nova estrutura que Cris orientou e nos ajudou a fazer, a gente consegue armazenar mais e o produto fica mais protegido. O que tenho armazenado deve dar para uns 4 meses. Apesar desse tempo seco, ainda não precisei usar o que armazenei lá, e isso me deixa mais tranquilo”, destacou seu Antônio.
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Foto: Ana Naara
Atualmente o agricultor está utilizando a mucilagem que armazenou em sacos. Para os ovinos ele faz um composto incluindo o milho e os bovinos são alimentados apenas com a mucilagem. “A experiência que tenho com a mucilagem do resíduo é muito boa. Os animais ficam fortes e bonitos. Nem parece que a gente tá enfrentando a seca”, expressou o agricultor ao mostrar seu rebanho.
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Foto: Ana Naara
De acordo com Cris Emanoel Bezerra, a mucilagem de sisaldispõe de 8 % de proteína bruta, percentual equivalente ao do milho, o que torna um volumoso de alta qualidade. Neste sentido, o aproveitamento reduz o custo com concentrado, mantendo a viabilidade econômica da atividade pecuária mesmo nos períodos críticos de estiagem.
Ainda são poucos os produtores que aproveitam os resíduos do desfibramento para repor parte da fertilidade de suas lavouras de sisal e/ou como alimento para os rebanhos. Seu Antônio procura aproveitar ao máximo o potencial da planta em benefício de sua propriedade. Após a peneiramento da mucilagem feita com uso da gaiola giratória, há a sobra da bucha. Esse material é utilizado como adubo na própria lavoura de sisal. “Eu comercializo a fibra, produzo a silagem para dar aos animais e a bucha que sobra eu ainda uso para adubar a área de plantio do sisal e também da palma. O resultado é muito bom”, avaliou o produtor.
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Foto: Enio Dias
Agir como seu Antônio é buscar a sabedoria de conviver com a região semiárida, que ciclicamente passa por períodos de estiagem. “No Território do Sisal, onde o cultivo da agave sisalana ainda é forte, o aproveitamento do resíduo para a produção da mucilagem e o armazenamento em silos é uma forma estratégica de enfrentar a escassez de alimentos. É um cuidado para se viver com mais tranquilidade as adversidades da seca”, destacou Cris.
FUNDAÇÃO APAEB