Vigia fingiu ser ladrão para não sofrer represália em ataque a lojas no Centro: ‘Foi mal, tive de roubar o senhor’, disse a patrão

No início da manhã de segunda-feira (22) seria mais um dia normal de trabalho para o segurança de uma das lojas da Rua Senador Pompeu, no Centro do Rio. Porém, para sair ileso da confusão que se formou na rua desde às 2h - quando mais de 40 suspeitos arrombaram e roubaram 14 lojas da rua – mais do que ser rápido no gatilho, ele teve de mostrar velocidade de raciocínio e criatividade. O comerciante que o emprega contou que o funcionário teve que fingir que era um dos criminosos.
“Foi mal aí. Tive de roubar o senhor para poder escapar. Sabe como é, né? Sou negro, estava armado, de madrugada, na rua escura e no meio daquela gente toda roubando poderia ser confundido com policial. Se os caras descobrissem que eu era segurança... Ninguém ia acreditar que eu era trabalhador. Aí peguei um carrinho, roubei uns pacotes de biscoito e saí empurrando o carrinho junto com eles no meio da rua. Tinha de me misturar com eles. Era tanta gente que eles nem perceberam. Desculpa aí”, disse o empregado constrangido ao patrão, segundo o comerciante.
Ainda de acordo com o dono da loja, quando o alarme da loja disparou, a empresa seguradora entrou em contato com ele, mas esqueceu de avisar ao segurança, que chegou para trabalhar sem saber o que estava acontecendo na rua. O comerciante desculpou o empregado, que abandonou os pacotes "roubados" na calçada perto do estabelecimento e fugiu em seguida.
“Ele ficou assustado quando chegou perto da loja e viu toda aquela movimentação. E teve de pensar rápido para escapar ileso. Os ladrões estavam muito bem preparados. Os que tinham armamento pesado invadiram os escritórios e levaram equipamentos de segurança, computadores e máquinas, enquanto os outros, entre eles mulheres e menores de 14, 15 anos, saqueavam a mercadoria”, contou o comerciante, acrescentando que nas lojas arrombadas os criminosos fizeram questão de deixar para trás um alicate para quebrar cadeado e um pé de cabra.
Na manhã desta terça-feira (23), segundo os comerciantes locais, 90% das lojas abriram. Mas o movimento caiu bastante, já que os clientes estão assustados. Ninguém se identifica com medo de represália dos criminosos e temem pelo futuro, quando o policiamento ostensivo montado nesta terça na rua, não estiver mais presente.
O porta voz da PM, major Ivan Blaz informou que o caso foi encaminhado à Corregedoria que vai apurar o motivo da "gestão inadequada" dos policiais que estiveram no local, trocaram tiros com os suspeitos, mas, em menor número foram embora em vez de pedir reforço. Segundo ele, a PM acredita que o crime foi praticado por traficantes da região e do Morro da Providência.