Número de casos de dermatite misteriosa que atinge Salvador chega a 79, aponta Secretaria

O número de casos da dermatite misteriosa que atinge a população de Salvador e Região Metropolitana chegou a 79, de acordo com informações divulgadas pelas secretarias de Saúde do Estado e de Salvador, nesta terça-feira (23).
De acordo com o órgão municipal, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância à Saúde de Salvador (Cievs) segue com as investigações a fim de identificar a causa do surto de dermatose.
Ainda conforme a Prefeitura, o Centro de Controle de Zoonoses da SMS e a Fiocruz-Ba instalaram armadilhas para captura de mosquitos Aedes aegypti e albopictus, principais transmissores de arbovírus no Brasil, além de outros de importância médica como carrapatos, pulgas e ácaros.O objetivo é investigar a doença.
Também nesta terça, a Secretaria Municipal da Saúde informou que utilizará um questionário elaborado por infectologistas e epidemiologistas na tentativa de descobrir a causa do surto de dermatite que atinge a população de Salvador e Região Metropolitana (RMS).
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) utilizará um questionário elaborado por infectologistas e epidemiologistas na tentativa de descobrir a causa do surto de dermatite que atinge a população de Salvador e Região Metropolitana (RMS). Serão também analisados exames de sangue e urina dos infectados, além da perícia de insetos e ácaros colhidos em regiões afetadas.
Integrante do grupo responsável pela investigação, o infectologista Antônio Bandeira afirmou que o questionário é essencial para uma conclusão. "Nós trabalhamos com três frentes, são elas a análise do material colhido no paciente, o estudo dos insetos [lepidópteros] e acaros [gênero pyemotes], além do questionário. Há a suspeita de que possa ser algo ambiental, já que a manifestação dos sintomas tem a ausência de febre e dor de garganta - o que é comum quando se trata de arboviroses", explicou em entrevista ao jornal Correio. 
O profissional explicou que a pesquisa será extensa, com duas páginas, e deve ser aplicada a partir desta semana. "São muitas questões que vão além do que elas sentem com a doença, em si, mas o que elas costumam fazer e os lugares que frequentam", acrescentou.
As secretarias estadual e municipal da Saúde divergem quanto ao número de casos, mas indicam que os mesmos sintomas têm afetado moradores de Salvador e Região Metropolitana (RMS). Há notificações de manchas vermelhas na pele – em alguns casos, com lesões e prurido – e coceira.
De acordo com a Secretaria Municipal de Salvador (SMS), o número de casos chega a 32 apenas na capital. Por sua vez, a Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) informa um número consideravelmente menor: foram notificados 17 casos não só em Salvador, mas também no município de Lauro de Freitas.
Além dos sintomas, coincide também a região de maior prevalência, o bairro de Patamares, especificamente no Condomínio Greenville.
Em entrevista ao Bahia Notícias, a subcoordenadora da vigilância epidemiológica da SMS, Cristiane Cardoso, afirmou que a principal hipótese investigada é a relação com algum inseto. Dois fatores corroboram com essa possibilidade: a região e a aparência das lesões.
"Há uma coincidência de apresentar aspecto de picada, como se fosse algum inseto. Claro que algumas pessoas estão desenvolvendo um quadro diferenciado, porque esse quadro dermatológico depende da reação de cada indivíduo", explicou. "A gente está com uma concentração no bairro de Patamares, onde tem inclusive um retrato ecológico forte. A gente tem uma mata, a Lagoa de Pituaçu, uma série de cenários que também colaboram com a hipótese do surto de algum inseto".
A profissional acrescentou que a primeira hipótese testada foi de relação com a zika, que tem a aparição de exantemas como um dos sintomas. No entanto, até o momento, os exames realizados apontam o contrário. "Ainda não descartamos de forma completa essa possibilidade, mas ela está sendo enfraquecida, já que todos os testes realizados deram negativo", afirmou.
Cristiana acrescentou que os casos ainda estão em investigação e que não há uma definição de sintomas que devem ser incluídos ou do período analisado. Ainda assim, estima-se que o surto teve início neste mês de outubro.
Às pessoas que apresentem os sintomas citados, a profissional recomendou cuidado ao coçar as lesões, devido ao risco de infecção relacionada à sujeira nas mãos. Em caso de muito incômodo, é indicada a consulta a um profissional de saúde, de preferência um dermatogista.