Funcionários da Ford voltam ao trabalho em Camaçari após a Justiça mantém liminar proibindo demissão.

 Cerca de 700 funcionários da Ford retornam aos postos de trabalho, em Camaçari, na região metropolitana de Salvador, nesta terça-feira (23). A retomada será, inicialmente, por 90 dias e acontece depois de negociações entre o sindicato da categoria e a empresa. Uma pequena parte voltou na segunda-feira (22). Esse grupo abrange funcionários da montadora e prestadores de serviço. Outros 327 trabalhadores retornarão no próximo mês, 189 em abril e 31 funcionários serão convocados em maio. “A negociação foi uma trégua de 90 dias, que foi dada para termos tempo para negociar. Existem alguns pontos que estão sendo colocados na negociação. Somente o acordo coletivo de quatro anos de estabilidade que nós temos. Existe também uma liminar de um inquérito feito pelo Ministério Público, que também foi emitida pela Justiça do Trabalho, que também dá algumas prerrogativas de garantia e segurança aos trabalhadores”, explicou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Júlio Bonfim. A empresa garantiu que vai pagar o salário dos trabalhadores que serão chamados para o expediente, assim como os profissionais que ficarem fora da convocação. Segundo Júlio, essa é uma decisão que foi determinada pela liminar judicial. “A liminar já garante essa obrigatoriedade por parte da empresa. A empresa até o momento está cumprindo. Só que existe outro problema: existem cinco empresas satélites aqui da região que já desligaram todos os seus trabalhadores. Nós estamos tendo problemas com esses trabalhadores, para que também a Ford assuma a responsabilidade, a partir do momento em que foi ela quem encerrou as atividades de trabalho, para que também esses trabalhadores que foram desligados possam entrar nessa discussão de indenização”.

A Justiça do Trabalho confirmou nesta segunda-feira (22) a liminar que proibiu a montadora Ford de realizar demissão coletiva dos trabalhadores da fábrica de Taubaté (SP). A empresa também continua impedida de se desfazer de bens e maquinários até a conclusão das negociações coletivas.

Segundo a Agência Brasil, a decisão foi motivada por um recurso da empresa, apresentado após a decisão proferida no dia 5 de fevereiro, que também impediu a dispensa em massa dos empregados. A liminar foi assinada nesta manhã pela desembargadora Maria da Graça Bonança Barbosa, do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, em Campinas.

Na mesma decisão, a desembargadora deferiu parcialmente pedido da montadora para desobrigar a empresa de fornecer em 30 dias um cronograma de negociação coletiva e para garantir que não há mais necessidade da participação do Ministério Público do Trabalho (MPT) nas negociações entre a Ford e o sindicato da categoria.

A Ford anunciou em janeiro o fechamento de todas as suas fábricas no Brasil, após mais de 100 anos montando veículos no país. Em nota à época do anúncio, a empresa citou, entre outros fatores, os impactos provocados pela pandemia do novo coronavírus (covid-19), que “amplia a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas”.

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