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ELEIÇÕES/BA 2022: Rui expôs aliados ao articular candidatura ao Senado e esquecer de combinar com eles

O governador Rui Costa nunca foi uma figura de muitos amigos na política. Tanto que, no início da gestão no Palácio de Ondina, sobraram críticas para o modo pouco afável com que tratava aliados. Mal acostumados com o modo Jaques Wagner de conduzir as negociações, houve estranheza inicial, mas os interesses falaram mais alto. Agora, no final da administração de Rui, voltou a ficar evidente a falta de tato do governador para tratar as alianças. E o gesto de tentar ser candidato ao Senado é o ponto mais visível desse emaranhado de reclamações que podem eclodir a partir de agora. A decisão unilateral de Rui, ao indicar o desejo de renunciar para concorrer ao Senado, pegou o próprio entorno dele de surpresa. Em 2014, quando deixou o governo, Wagner optou por salvaguardar a composição partidária ao invés de se impor como candidato a senador. Esperava-se, agora, a recíproca de Rui, visto que qualquer mobilização em sentido contrário geraria uma rachadura na base difícil de ser corrigida. O governador, então, pagou para ver. A engenharia para Rui ser senador incluiria a desistência de Wagner em buscar retornar ao governo e uma virtual substituição dele por Otto Alencar (PSD). O Galego já havia indicado, publicamente, que não seria empecilho para a manutenção das alianças e, mesmo a contragosto, ouviu a proposta e tentou chegar a um denominador comum. Porém, além de expor o padrinho político, a chegada de Otto também transforma o senador, então candidato à reeleição, em uma vidraça desnecessariamente. Foi o combo escolhido por Rui, ainda que tenha tentado manter sigilo sobre o tema - e mantenha a negação até o fim. A desculpa, inclusive, foi a articulação nacional para atrair o PSD para apoiar Luiz Inácio Lula da Silva ainda no primeiro turno. Só que a conta não fecha. Não é apenas a Bahia em jogo. E não há interesse do próprio Otto em ser jogado aos leões como candidato a governador para satisfazer desejos de outras pessoas. Substituir Wagner por Otto chegou a figurar como uma hipótese de articulação que envolveria Lula e o adversário político do PT na Bahia, ACM Neto, que garantiria o não apoio do União Brasil a Sérgio Moro (Podemos). É difícil de processar tanta informação. Valeriam tantas interrogações somente para ter uma candidatura competitiva ao Senado, como a de Rui, e a transformação dele em um eleitor que esteja nas urnas e não apenas na torcida? Otto não é petista e isso conta muito para o engajamento da militância, o que colocaria em risco todo o projeto de poder do grupo. A ofensiva para evitar que essa substituição se confirmasse partiu de todos os lados, da militância mais aguerrida do PT aos líderes de partidos aliados. E pode significar um isolamento político do governador, caso Rui opte por se bancar ante a manutenção do arco de alianças com a configuração atual. Se tudo não passou de um teste para verificar a aceitação da proposta, o chefe do Executivo não parece ter passado com êxito. A sorte dele é Wagner e Otto não estarem dispostos a transformá-lo em Judas. No máximo, agiriam como Pôncio Pilatos. A diferença é que não há nenhum messias sendo julgado.

Rui decidiu ser candidato a senador e 'obrigou' aliados a se adaptarem; Otto tentará governo

O encontro, nesta terça-feira (15), entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador Rui Costa e o senador Jaques Wagner ainda não foi encerrado (lembre aqui), porém os caminhos para a chapa majoritária do grupo parecem ter sido resolvidos de maneira unilateral ao longo dos últimos dias. Rui definiu que seria candidato ao Senado e obrigou os aliados a se adaptarem para não ruir o tripé formado entre PT, PSD e PP na Bahia. Com a decisão do governador, o senador Otto Alencar (PSD), que seria candidato à reeleição, seria deslocado para a candidatura ao Palácio de Ondina.

De acordo com informações obtidas pelo Bahia Notícias, coube apenas a Rui a decisão de ser candidato ao Senado, sem sequer ouvir aliados. A situação gerou desconforto e houve um esforço para encontrar um denominador comum entre Wagner e Otto, que são aliados desde 2010 - o segundo mandato do petista teve o social-democrata como vice. Após um diálogo demorado, Wagner indicou que abriria espaço para que Otto fosse então candidato ao governo - ainda que o desejo inicial do senador fosse permanecer no cargo. O arranjo contemplaria apenas PT e PSD, restando a vaga de vice para uma definição até o começo de abril, prazo final para desincompatibilizações. O Progressistas, de João Leão, herdaria um mandato tampão de 9 meses e, conforme avaliação de lideranças da esquerda, perderia a preferência por continuar na chapa. Esse entrave deve ser solucionado apenas ao longo das próximas semanas. Caso confirmada a rearrumação do grupo político para a eleição de 2022, Wagner permaneceria como senador, assumiria parte da articulação política na campanha de Lula na Bahia e tentaria fazer as conexões entre o projeto de eleger Otto e o programa petista nacional. Até aqui, toda a estratégia do PT e da própria esquerda baiana foi reforçar a junção entre Wagner e Lula, tal qual aconteceu em 2006 e resultou na “onda vermelha”, que derrotou o carlismo na Bahia.

'Seria uma punição', diz Kassab sobre eventual candidatura de Otto a governador

O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, defendeu a busca de Otto Alencar à reeleição ao Senado, durante entrevista para o programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, que foi ao ar no domingo (20). O cacique ainda classificou uma eventual candidatura de Otto ao Governo da Bahia como uma “punição”, já que não estava em seus planos esta mudança de rumo.

 

“Rui Costa quer ser senador e o Otto também quer. Ele é candidato a senador. Seria uma sinalização muito ruim. Otto é um tradicional parceiro do PT. Dentro do partido ele é a pessoa que lidera as manifestações em favor de uma aliança com o Lula ainda no primeiro turno. Isso, pode ter certeza, é traduzido de uma maneira muito ruim para Otto e para todo o partido”, disse Kassab.

 

“Ele lidera, dentro do partido, todas as ações a favor do PT. Isso é público. Ele é aliado do PT na Bahia. Um dos melhores quadros do partido. Fundador do PSD. É uma péssima sinalização, mas eu acredito sim, que Otto sai sim candidato a senador e isso agrada muito o PSD, pois é vontade de Otto continuar no senado”, completou o pessedista.

 

Conforme apurado pelo Bahia Notícias, Otto já teria aceitado que seria o nome do "teodolito" ao Palácio de Ondina. A sinalização positiva se deu após reunião com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) (veja mais) e a virtual sinalização de que poderia disputar a cabeça de chapa, mesmo ele mantendo a esperança de disputar a reeleição ao Senado. Rui teria definido que seria candidato ao Senado, obrigando os aliados a uma adaptação

Rui decidiu ser candidato a senador e 'obrigou' aliados a se adaptarem; Otto tentará governo


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