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“A sabedoria está com os matutos.”Jurivaldo da Silva: Uma vida dedicada ao cordel e à cultura nordestina
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“A sabedoria está com os matutos.”Jurivaldo da Silva: Uma vida dedicada ao cordel e à cultura nordestina
Do analfabetismo às feiras literárias internacionais, o poeta construiu uma trajetória de mais de 50 anos preservando e promovendo a cultura popular do Nordeste. Jurivaldo da Silva, cordelista, poeta popular e ativista da cultura nordestina, carrega em sua trajetória mais de meio século de dedicação ao cordel. Figura admirada na Bahia, no Nordeste e em diversas partes do mundo, ele relembra com emoção seus primeiros passos nesse universo cultural.“No começo, eu era analfabeto. Comprava os cordéis, pagava alguém pra ler pra mim, decorava tudinho e depois fazia de conta que estava lendo. Mas era tudo de cor”, recorda ele.
Influenciado por nomes como Antônio Alves da Silva, o Minelvino. Jurivaldo começou como folheteiro e, com o tempo, se tornou também cordelista, colecionador, pesquisador e declamador. “Tenho uma convivência de mais de 50 anos com o cordel. Trabalhei como folheteiro por décadas e, a partir dos anos 2000, comecei a produzir e ajudar outros a escreverem também.”

Com o avanço da tecnologia e o surgimento da internet, Jurivaldo notou mudanças significativas no público e na forma como o cordel é consumido. “Antigamente, quando eu chegava na feira, o povo comprava o cordel como passatempo, até quem não sabia ler. Hoje, quem compra são os estudantes, professores, pesquisadores. O cordel saiu da mão do analfabeto e foi para a salas de aula no mundo inteiro”

Apesar da queda nas vendas físicas, ele reconhece que a internet também trouxe benefícios. “Hoje em dia você encontra cordéis raros online. Um que eu procurei por muito tempo, meu filho achou na internet. Então, a gente perdeu de um lado, mas ganhou do outro.”
O cordelista defende que o cordel seja cada vez mais integrado à educação. “É preciso que toda cidade tenha um cordelista, uma cordelteca, um projeto que incentive a leitura e ajude a tirar a criança do celular.”

A paixão pelo cordel também passou para a família. “Minha filha, que me ajudava corrigindo os textos porque eu só fiz até o ensino básico, hoje trabalha comigo. Eu trago a prática, ela traz a teoria. Nossos cordéis são bem aceitos em todo o Brasil e até no exterior.”

Ao deixar sua mensagem às futuras gerações, Jurivaldo é enfático: “A juventude precisa se dedicar ao cordel. Se não surgirem novas vozes, essa cultura morre. O cordel é milenar, foi o primeiro jornal, o primeiro informativo do Brasil. É o maior veículo de combate ao analfabetismo. A cultura só vai continuar viva se a juventude escrever, ler, produzir.” finalizou.
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