Licuri: riqueza de possibilidades para o semiárido; conheça

Palmeira típica do Semiárido nordestino, o licuri pode ser aproveitado de várias formas sustentáveis. Também conhecido como ouricuri, o fruto é motivo de inspiração. Seja como alimento ou como matéria-prima para produções artesanais, são muitas suas opções de uso. Segundo o Portal Semear, as folhas podem dar vida a bijouterias, sacolas, chapéus, vassouras e utensílios de decoração. As amêndoas, por sua vez, podem gerar um óleo, similar ao óleo de coco, útil na cozinha e na fabricação de sabão. Elas também podem ser usadas no preparo de cocadas, paçocas, biscoitos, licores e outras especialidades da culinária nordestina. Licuri torrado ou caramelado também é uma boa pedida. Isso, sem falar do leite de licuri! Para quem quer aproveitar as potencialidades do sabor desse fruto, a dica é conferir algumas receitas no site do Slow Food Brasil (ver). Na página você vai encontrar dicas de como preparar pãozinho, sorvete e panqueca à base do fruto. A verdade é que do licuri tudo se aproveita. Seu caule, por exemplo, pode ser utilizado como adubo. O engaço – conjunto de ramificações entre os frutos –  ajuda na produção de lenha.
Experiências sistematizadas
Te convidamos a conhecer duas experiências realizadas no Semiárido nordestino. A primeira delas acontece no Quilombo Serra das Viúvas, localizado no sertão de Alagoas. Foi no final da década de 1990 que mulheres dessa comunidade resolveram implementar um empreendimento comunitário que organizou as atividades de produção e comercialização do artesanato extraído da sociobiodiversidade da Caatinga. Ainda segundo o Semear, entre a matéria-prima, destaque para as palhas do licuri.  “ As técnicas de extração cuidam para tirar da natureza apenas o necessário, sem prejudicar a planta. Aqui não se retira as folhas do centro do ouricurizeiro, porque se não a planta morre. Aqui cuidamos para a manutenção da vegetação da Caatinga, porque precisamos dela o tempo toda”, diz Lia, 29.
Esse depoimento está na publicação Ìpandé de Kanturê: Na batida do Tambor, no toque do Maracá, a Tradição faz seu Reino na Terra de Oparáque sistematizou a experiência. A cartilha foi produzida no âmbito da proposta Experiência Holística de Conhecimento Tradicional da Sociobiodiversidade, realizada pela Comissão Ecumênica do Direito a Terra (CEDITER).
Outra iniciativa pautada pelo uso sustentável do licuri é a do Polo da Palha do Licuri, que reúne comunidades de diferentes municípios do Semiárido da Bahia. Entre as boas práticas, o plano de manejo do licuri, que contribui para preservar o licurizeiro e, assim, garantir matéria-prima para os artesãos e o alimento para a arara-azul, espécie endêmica da região que se alimenta do fruto. Para saber mais, confira a sistematização dessa experiência na cartilha Ponto de Encontro com os astros do sertão – Gestão Associativa e Design Social no Polo da Palha do Licuri – Uma experiência sócio-produtiva-ambiental no Semiárido baianoA publicação é fruto da parceria entre o Programa Semear (FIDA/IICA/AECID) e o Movimento João de Barro, por meio da proposta Polo da Palha de Licuri: uma experiência sócio-produtiva-ambiental no Semiárido Baiano